quinta-feira, 9 de junho de 2016

O frio que faz aqui dentro

Faz frio lá fora. Não há música. Ao menos, não fora da minha cabeça. Cá dentro, uma melodia patética e pungente ressoa, mas eu não conseguiria cantarolar. Violino. Um solo. Talvez piano. Não importa. Qualquer instrumento de timbre melancólico.

Como tem acontecido com frequência preocupante, meu sono me deixou esquecido na cama. Faz frio aqui dentro. Não, não estou falando sobre meu quarto. Mais cá dentro. Bem mais. Mais frio também. Uma alma que não existe. Uma preguiça medonha de sorrir, de falar, de rir, de chorar, de existir. Sem música, claro.

No silêncio da madrugada, ganha maiores dimensões a tortura de não se ouvir os passos sorrateiros do sono, abrindo a porta lentamente e saindo para ganhar o mundo. Longe, lá bem longe. No frio que faz lá fora.

Meus pés gelados. Meus olhos não fecham. Aqui dentro, não diviso o espaço em que me insiro. Tudo é breu. Agora falo do meu quarto. Frio. Escuro. Silencioso. Como aqui dentro. Não, não meu quarto, meu imo.

O violino não vibra mais. Vai ver era piano. Agora tanto faz. Não há mais música. Se é que houve outrora. Na minha cabeça, talvez? Não há mais nada. Só silêncio. E o frio. Que termômetro algum jamais conseguirá registrar.

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