Limpar livros demanda um tempo bastante longo. Um dia inteiro, às vezes mais. Não que a biblioteca seja assim tão extensa. Mas, sentado com os livros nas mãos, é impossível resistir ao ímpeto de folheá-los...
É quando a mente se perde e vagueia para longe, por páginas já lidas em tempos distantes e que, quando relidas, trazem não somente o enredo ali codificado em signos impressos, mas outras estórias, algumas nunca escritas, e que dizem respeito somente a quem as lê.
Épocas distantes, outras nem tanto, pessoas que estiveram tão perto, algumas que deixaram de existir, sensações que aquelas palavras trouxeram em outros tempos e que, muitas vezes não identificamos mais como nossas (coisa mais estranha esquecer o que um dia se sentiu). Memórias e esquecimento de mãos dadas e um conjunto de sensações pulando páginas afora.
Todos deveríamos limpar nossos livros com uma certa frequência. Tirar a poeira das capas e da existência.
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