terça-feira, 1 de outubro de 2013

Mate um professor de fome.

Molequinho esperto aquele tal de Dudu! Quando mais novo, era viciado num joguinho, desses de tabuleiro, em que o jogador atira um dado e avança casinhas, seguindo seus comandos de acordo com a sorte. A estratégia do jogo era simples: havia uns vilões que deveriam ser combatidos e uns heróis que os derrotavam. Cada jogador era um mocinho, que, no manual do joguinho, tinha o nome de “político do PMDB”. Os vilões eram os terríveis “professores”, aqueles monstros do mal que viviam como escória e traziam uma maldição chamada “baixo salário”. Eram manipulados de acordo com o lance dado pelo jogador.

“Mate um professor de fome” era o sucesso da garotada! Todos com seu dadinho pronto, lançado ao ar rumo à casa final do tabuleiro: a Prefeitura do Rio. Não fora o Dudu quem inventara o jogo, claro. Tratava-se de uma brincadeira tradicionalíssima, arraigada no folclore brasileiro desde priscas eras... Mas, o Dudu, ah, o Dudu era imbatível! Ganhava todas!

Lançava o dado e ia contando. Um... dois... três... “Você chegou ao dia 15 do mês e não tem dinheiro para pagar seu aluguel. Volte uma casa”. Outro lance. Um... dois... três... quatro... cinco... “Você aprovou aquele aluno que vivia cabulando aula e que, no dia da prova, xingou a sua mãe. Parabéns! Avance sete casas”. Assim, prosseguia o joguinho, lance após lance, dado após dado, com avanços e retrocessos, comando atrás de comando. “Você fez greve, mas não recebeu o aumento que merecia. Volte duas casas”; “Você ganha o mesmo que um policial, mas ele tem direito de te jogar bomba de gás lacrimogênio e spray de pimenta. Fiquei duas rodadas sem jogar.”. E assim ia até chegar à penúltima casa, que dizia: “Você trabalhou a vida inteira educando um bando de bicho selvagem que nunca fez nada por você. Agora se aposentou e continua ganhando uma miséria. Não resistiu ao tempo e morreu, sua jogada se encerra aqui. O político que te guiou até aqui é o vencedor! Parabéns! Avance uma casa e seja o Prefeito do Rio!”

Fim do jogo.

O tempo passou, os jogos de tabuleiros saíram de moda, mas Dudu continuava com seu espírito lúdico! Outrora campeão em “Mate um professor de fome”, agora era mestre em um joguinho eletrônico que anda fazendo tanto sucesso quanto aquele: “Mate um carioca de vergonha”.

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