quinta-feira, 22 de abril de 2010

Tchaikovsky

(originalmente públicado em)
Itabuna, terça-feira, 3 de agosto de 2004.

Aqui, silêncio. Apenas ruídos distantes... Ao longe, crianças gritam numa brincadeira frenética pela rua. Uma bomba explode em algum lugar da cidade, e seu estampido seco adentra minha janela, por onde também invadem os barulhos dos cães e ônibus. Se eu parar de respirar por uns instantes poderei ouvir a conversa de alguns vizinhos, mas acho o ato de respirar bem mais interessante. Engraçado como algumas músicas nos fazem sorrir. São 18:33 e eu acabei de chegar do trabalho. Na vinda para casa eu ouvia a Valsa de "O Lago dos Cisnes", obra de Tchaikovsky. E a sensação de rodopio era tão intensa, tão estranha, e surreal... O volume do disc-man estava no máximo e eu não ouvia qualquer som externo. Apenas via as crianças correndo pelas ruas, os transeuntes caminhando, uns mais rápidos, outros mais lentos, os ônibus e carros passando por mim... Sem que fizessem qualquer ruído... Tudo dançava no ritmo da música! Uma sensação incrível, e no crescendo formado pela orquestra, vivi um êxtase momentâneo. Quando eu percebi, estava sorrindo! Olhava ao meu redor, via as imagens e não ouvia seus sons. Apenas a música tocava, e tudo parecia estar em tanta harmonia, que eu simplesmente sorri! Não foi um sorriso amarelo, não foi um sorriso desanimado. Foi um sorriso bonito, de dentro, sincero. Como o que estou fazendo exatamente agora! No silêncio. Silêncio externo, com a música ainda soando na minha cabeça...

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