sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pergunte ao Pó

sábado, 3 de março de 2007

"Quanto às suas ansiedades por suas experiências de vida em geral e mulheres em particular, infelizmente é comum os autores terem menos experiências que outros homens e isso se deve ao fato incontestável que se você não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, Sr. Bandini. Ou você está diante da máquina de escrever ou está no mundo lá fora, tendo experiências. Portanto, como você precisa escrever e ter experiências sobre as quais escrever, você tem que aprender a fazer mais com menos. E fazer mais com menos é, em uma palavra, Sr. Bandini, o que significa escrever."

Trecho extraído do filme "Pergunte ao Pó" (Ask the Dust)


A cabeça dói um pouco e em meio ao turbilhão de sentimentos no qual me inseri nos últimos dias, eis que novamente espreita em minha janela o medo. Por mais que tente não olhar para trás, focando-me apenas no dia de amanhã, é cedo para que eu consiga. E me entristeço quando penso no que a vida fez de mim... Procuro manter a criança feliz sempre a brincar, mas não consigo simplesmente olvidar o adulto diligente que dela tomará conta, tentando impedi-la de ir longe demais...
Então torturo-me duplamente, por um lado, ante o medo do passo seguinte, o medo de novamente acreditar e no fim escorregar no cascalho que fará sangrar as feridas ainda não cicatrizadas. Por outro lado, o medo de não acreditar, de não dar um voto de confiança - apenas um - a quem de fato o merece, depois de ter desperdiçado tantos outros votos com tantas outras pessoas incapazes de valorizá-los... A mão que afaga é a mesma que apedreja? Mestre Guto, tão sábio, disse que sim, e eu, tolo (?) acreditei. Nunca tive porque não acreditar antes. E agora todo o meu desejo é alguém que me demonstre serem os "Versos Íntimos" vazios e desprovidos de sentido.
Beethoven, você está confuso! Acaso está incerto acerca do que sente? Isso não. Tenho absoluta certeza que não. O que sinto, o que almejo... nada disso é incerto. Incerto é apenas o dever ou não dever acreditar...
Por que a dúvida é tão cruel? Por que esta vontade súbita de chorar quando o sorriso sequer deu adeus aos meus lábios? São perguntas que vagam sem resposta, e nas quais tento não pensar mais, a fim de que não tirem de mim a minha única certeza: a de que te quero!

Salvador, 03 de março de 2007.
02:15, madrugada.

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