sábado, 24 de abril de 2010

Jogo de Luz e Sombra

Jogo de Luz e Sombra

Meu sol, há algum tempo, se apagou
e venho caminhando por uma estrada sombria.
Não chove. Não é noite.
Apenas o astro perdeu seu brilho...
De tal forma que, sem enxergar,
na penumbra permaneço... Andando...
Sem saber se estou tomando o rumo devido.
Mas, leviano que sou, galgo entre pedras
e continuo...

Olhando em frente, nada vejo.
Olhando para trás, não reconheço
a trilha tortuosa, através da qual me guiei.
E vasculho minhas lembranças
não tão remotas,
tentando reconstituir a última visão
de quando tinha meus olhos ofuscados
pelo brilho da estrela,
que agora paira no vácuo,
com um grande corpo sem vida...
E me assusto ao perceber que
não lembro o exato momento,
em qual das curvas, a quantos passos,
meu caminho ficou cinza.

O sol apagou. Assim, simplesmente,
como o clique de um interruptor.
Mas onde estava minha consciência
e porque não recordo de ter-me assustado,
olhando para cima à procura da luz,
que, de súbito, fugiu?
Egoísta que sou, segui adiante,
não atentando para o derradeiro átimo
em que meus olhos puderam discernir
traços, contornos e cores.
Apenas andei...

E agora, percebo que a trilha
não mais oferece sua graça.
Mas não saí da estrada!
E após tanto andar, por entre sombras,
conscientizo-me acerca do animus
que me impele à frente,
que tira cada um dos meus pés
do chão escorregadio (o qual já não vejo, sinto),
projetando-os centímetros adiante,
ainda que não exista mais luz.

Não! Não sou leviano! Tampouco egoísta!
E se não parei de andar
tão logo o sol tenha se apagado,
foi porque eu tive esperanças
de que na próxima curva, no próximo passo,
sua luz voltaria a me iluminar.

Gustavo Carneiro de Oliveira
06.12.2009

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