domingo, 25 de abril de 2010

"Palhaço é um homem todo pintado de piadas"

Num comentário fingidamente ofendido, o Anitelli refere-se a uma crítica da Revista Veja, categorizando a banda como filão do público dos Los Hermanos, e suas músicas como bregas, em especial "Ana e o Mar". Contra este argumento, eis o fato de que a plateia estava no Teatro Carlos Gomes ontem à noite para aproveitar o show e não para ler Veja... Aliás, quantos palcos a Revista Veja ganhou neste Viradão Carioca mesmo?
Um show histórico para o admiradores destes músicos, que revista nenhuma conseguirá ter palavras para descrever! O primeiro show do projeto Fernando Anitelli Trio, o que me fez sentir ainda mais honrado de ser um seguidor da trupe do Teatro Mágico. E após este show, percebi (e perdoei) a razão de nunca ter ouvido em seus anteriores "A Pedra Mais Alta", de longe a minha favorita, o que foi recompensado com a linda interpretação, que contou com o incidental "Shimbalaiê", levando os fãs (inclusive eu) ao delírio! A proposta do Fernando Anitelli Trio é trazer à tona as músicas mais lentas, instrospectivas, delicadas, tendo o Anitelli deixado claro que não se trata de um "Teatro Mágico Acústico", mas de um projeto novo que, em breve contará com um álbum gravado (tenho certeza de a ansiedade para vê-lo sair do forno, fresquinho, não é somente minha).
Confesso que ver o Anitelli sem máscara me surpreendeu um pouco. Foi um choque constatar que ele não nasceu pintado e com nariz vermelho. E confesso ainda que fui ao show com boas expectativas, mas não as melhores, tendo em vista estar habituado às pessoas "cuspindo fogo, pegando fogo e de fogo" nos palcos do Teatro Mágico... Em alguns momentos perguntei-me se os múscos sozinhos segurariam a barra, sem os elementos circenses... Pergunta tola esta, que foi logo respondida, quando entoadas, após uma singela interpretação de "Cuida de Mim", as primeiras notas do "Rebolation", fazendo o público vibrar numa deliciosa algazarra de quem foi pego de surpresa!
Música a música, faixa a faixa, os músicos levaram ao público a mesma energia que o Teatro Mágico proporciona! Irrestíveis ainda a citação à banda Beirut, e a devastadora interpretação de "Medo da Chuva", do eterno Raulzito! E como sempre, a plateia dá um show à parte! Sentei-me ao lado, pelo que pude perceber, de um casal, cuja moça era fã e o moço estava tendo seu 'début'. Não foi preciso mais que alguns minutos para vê-lo levantar as mãos e bater palmas - como todos - no refrão de "Pena", como se fosse um antigo admirador! Sem falar no uníssono do coro em "O Anjo Mais Velho".
Arrebatadoras as músicas "Samba de Ir Embora Só", "Na Varanda", "Durma Medo Meu", "Menina" e "Eu Não Sei Na Verdade Quem Sou", e por esta eu parabenizo aos parceiros anônimos do Anitelli, as crianças entrevistadas acerca do trabalho dos Doutores do Riso, pelas suas contribuições na composição, com versos tão lindos como "Palhaço é um homem todo pintado de piadas" ou "Velhinhos são crianças nascidas faz tempo".
Diante desta apresentação - primeira de muitas às quais espero poder assistir - deixo ao Fernando Anitelli, ao Miguel Assis e ao Fernando Rosa, meus parabéns pela beleza captada - e deixada a cada um de nós que estava ali presente, como um 'souvenir' que será guardado em nossa memória - e meu sincero agradecimento, em nome de toda a plateia, por ter nos proporcionado aproximadamente duas horas de completa imersão em alegria fluida, cujos vapores transpuseram as portas do Teatro Carlos Gomes, e permanecerão impregnados por bastante tempo, cada vez que qualquer de nós rememorar o que significou este show. "Céu azul é o telhado do mundo inteiro".

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