sexta-feira, 23 de abril de 2010

Dezembro

(originalmente publicado em)
Itabuna, sexta-feira, 16 de dezembro de 2005

Texto escrito no Word, em 13.12.2005, às 22:30.

Hoje são 13. Um dia especial. Sete meses completados. Sete luas. Pouco mais de duas estações. Posso me considerar privilegiado por mais uma vez alcançar esta data. Aliás, posso me considerar privilegiado por várias coisas na minha vida! Mas seria surpreendente se eu não me considerasse nada disso?
Apesar de tudo, hoje é apenas mais um dia... Chato, enervante, tedioso... Como todos os anteriores, e, parece-me, como todos os que se seguirão. Ando tão insuportável, que nem eu mesmo estou me agüentando. Minhas crises depressivas estão se tornando cada vez mais freqüentes e eu, cada vez menos, vislumbro perspectivas futuras. Estamos no final do ano, época de sonhar, de planejar, de... de que? Que época é essa? O que há de interessante em um mês chamado "Dezembro", que deixa a todos com esse ar idiota de sonhador? O que há de diferente nesta época do ano, exceto o calor infernal que faz a cada dia?
As pessoas fingem uma bondade inexistente, e tão logo acabam os festejos, assumem suas verdadeiras identidades e esquecem os valores de perfeição que adquirem (?) quando se fala em "Natal". Por isso eu não perco meu tempo mudando nada, sonhando com nada, planejando nada. Sou o que sou, independentemente do mês do ano em que estamos! E a grande maioria dos perfeitos não consegue me tolerar por muito tempo graças a isto! Até aí, nada anormal. Convivo desde cedo com a rejeição de idéias e valores... O problema começa acontecer quando quem não me tolera mais sou eu mesmo! E é isso que está havendo... Começo a me questionar se vale a pena ser quem sou, e cada vez me aproximo mais da idéia de que não vale. Cada dia desprezo mais as minhas qualidades, e a cada vez que me olho no espelho me reconheço menos ali!
A soma de tudo aquilo que juntei nos meus 25 anos parece ter resultado em nada! E a sensação de inadequação é cada vez mais gritante! O desespero toma conta de mim, e me apercebo de que sou uma farsa! Não consigo mais ver o dia de amanhã! Preciso que alguém me mostre! Olho a mim mesmo e vejo apenas um conjunto de erros! Erros presentes porque sequer enxergo a possibilidade de amanhã encontrar uma borracha! Parece-me que a vida se resume ao próximo segundo. E até que seria uma boa se assim fosse! Como fazer alguém feliz se eu não me sinto assim? Como convencer o meu irmão de que amanhã haverá sempre uma luz no final do túnel se eu não enxergo nem as paredes desse túnel? E ainda me perguntam o que farei de minha vida "no ano que vem".
Ano que vem está distante demais. Não sei o que farei de minha vida na próxima meia hora... Não sei nem como encerrar este texto. Adoraria se a maneira encontrada fosse um ataque fulminante que me fizesse despencar a cabeça sobre o teclado deixando alguma palavra pela metade. A quem me encontrasse restaria a dúvida sobre o que viria logo após aquele verbete inacabado... Eu estaria mais leve, sem ter que encontrar respostas, sem fornecê-las... Apenas minha cabeça estaria sobre o teclado encerrando uma palavra qualquer e prolongando alguma letra por páginas e mais páginas até que alguém viesse me tirar daqui.
Enquanto isso não acontece, decido parar por mim mesmo este texto. Fico por aqui tentando imaginar algum caminho a tomar, ao mesmo tempo em que me pergunto para que tomar algum caminho... Até a próxima.

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